O que significa realmente estar nutrido?
No livro Was uns wirklich nährt (“O Que Nos Nutre de Verdade”), o Prof. Dr. Gregor Hasler, psiquiatra e neurocientista, convida-nos a repensar o conceito de nutrição como algo muito mais profundo do que calorias, nutrientes ou até superalimentos. A verdadeira nutrição, segundo ele, começa no cérebro e irradia para o exterior — moldando os nossos hábitos, o nosso humor, o nosso microbioma e até as nossas relações.
A Conexão Intestino-Cérebro: Mais do que uma Tendência
Hasler sublinha aquilo que a ciência tem vindo a comprovar: o nosso intestino e o nosso cérebro estão em constante diálogo. Quando comemos de forma alinhada com os nossos ritmos naturais e necessidades reais, estamos a apoiar não só a saúde física, mas também o equilíbrio emocional e mental.
Alguns dos seus principais insights:
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A comida pode funcionar como um neurotransmissor.
Aquilo que comemos influencia a química do cérebro. Refeições ricas em fibras e de base vegetal promovem a produção de serotonina — a chamada “hormona da felicidade”. -
Comer emocionalmente pode ser sinal de desequilíbrio biológico.
Desejos por açúcar ou alimentos ultraprocessados podem ser causados por uma flora intestinal desregulada — e não por falta de força de vontade. -
O ato de comer — como, quando e com quem — é tão importante quanto o que comemos.
Dicas Práticas Baseadas na Investigação de Hasler (Que Pode Começar Já Hoje)
1. Coma sem distrações.
Sente-se, desligue os ecrãs e mastigue lentamente. Isto transmite uma sensação de segurança ao sistema nervoso, permitindo uma digestão mais eficaz e melhor absorção dos nutrientes.
2. Faça uma pausa alimentar de 12 a 14 horas durante a noite.
Um jejum intermitente leve dá descanso ao intestino, favorece a reparação metabólica e pode melhorar o sono e a concentração.
3. Dê prioridade a alimentos fermentados e ricos em fibras.
Pense em kimchi, chucrute, iogurte natural, leguminosas, maçãs, aveia. Estes alimentam as “boas” bactérias, essenciais para a digestão, imunidade e bem-estar mental.
4. Reconheça a fome emocional.
Antes de pegar num snack, pergunte: “Tenho fome… ou estou cansado(a), aborrecido(a), sozinho(a), sobrecarregado(a)?” A consciência abre espaço para escolhas mais alinhadas.
5. Mantenha tudo simples e sazonal.
Evite complicar. Aposte em taças nutritivas, estufados, sopas e saladas frescas com boas gorduras e uma fonte de proteína.
O Verdadeiro Resultado? Resiliência.
O livro de Hasler não se trata de soluções rápidas. É um convite a recuperar a confiança nos sinais do nosso corpo, simplificar rotinas e deixar que a nutrição seja uma forma de respeito por nós próprios.
Com o tempo, isso traduz-se numa mente mais tranquila, digestão mais eficiente, energia mais estável — e na sensação de estar enraizado(a) e em casa no próprio corpo.
Esta é a base para qualquer transformação duradoura.
“Nutrir-se não é seguir a dieta perfeita, mas sim encontrar um ritmo que apoie a vida.” — Prof. Dr. Gregor Hasler
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